sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
MENTIRA... VERDADE...DÁ A TUA OPINIÃO!
"Protesto-lhe que hoje foi o último dia da minha vida que me deixei cair neste maldito vício... E nem eu sei como foi; queria-me defender...vinham umas atrás das outras...por fim...não sei...Mas acabou-se: não torno mais a mentir; custa-me muito, dá muito trabalho. Vi-me em ânsias! Juro que me hei-de emendar...já estou emendado. (...)"
E tu, também achas que a mentira é um vício? E a verdade, devemos lutar por ela, abrir-lhe a porta?
Lê atentamente as citações e os poemas que se seguem sobre a mentira e a verdade, reflecte sobre o assunto e deixa aqui a tua opinião.
CITAÇÕES
"Às vezes, sem o sabermos, o futuro está em nós, e as nossas palavras supostamente mentirosas descrevem uma realidade que está próxima."
Marcel Proust
"Por vezes a mentira exprime melhor do que a verdade aquilo que se passa na alma."
Máximo Gorky
"A origem da mentira está na imagem idealizada que temos de nós próprios e que desejamos impor aos outros."
Anais Nin
"A verdade é como o Sol. Ela permite-nos ver tudo, mas não deixa que a olhemos."
Victor Hugo
"Os erros passam, a verdade fica."
Diderot
"Não te convenças de que a tua verdade possa ser encontrada por qualquer outro."
André Gide
POEMAS
"Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?"
"Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?"
"Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram."
"Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti."
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema X"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Como uma Criança
Como uma criança antes de a ensinarem a ser grande,
Fui verdadeiro e leal ao que vi e ouvi.
Alberto Caeiro, in "Fragmentos"
VERDADE
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
Seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drummond de Andrade